Os Corpos que Pensam

OS CORPOS QUE PENSAM (Thinking Bodies)
Portugal, França, 2017, 22’

«Escrevo-te num sopro. A minha vida pode voar se eu não lutar. Contra mim, contra o vento. Contigo, podia desafiar tempestades. Para ti, podia desafiar tempestades. Porque amanhã não sei onde estarei, num sopro, mando-te todo o amor que puder.»

A minha irmã tem 15 anos quando escreve essas palavras. Ela sofre de anorexia. 12 anos depois voltamos a este período que nos ligou e marcou profundamente.

Os corpos que pensam é um filme epistolar construído à volta da correspondência escrita entre a minha irmã e eu, de 2004 a 2007. Durante estes anos, as cartas foram o nosso meio de comunicação quando nos encontrávamos longe uma da outra. São testemunhas desta prova, da ligação intensa que construímos durante este período. O filme evoca o luto da infância e a passagem à idade adulta. Para ambas, a fase transitória – mas essencial – da adolescência não foi pacífica. A adolescência da minha irmã era a doença. O corpo – físico e psicológico – acompanha-nos ao longo do documentário. O corpo como memória, através das marcas e cicatrizes; o corpo mentalizado, que transforma a realidade; o corpo violentado, através da doença; a redescoberta do próprio corpo, elemento de reconquista e de reapropriação de si mesma. As sequelas da doença continuam presentes. O corpo da minha irmã rejeita o que a mente não consegue aguentar.
Hoje, além de tudo, uma furiosa vontade de viver, de reconstruir o que foi destruído.

Apoio: Région Nouvelle Aquitaine
Festivais: IndieLisboa 17′ (melhor filme da competição Novíssimos), Fike 17′, Ficsam 17′ (prémio do público para melhor curta-metragem), Family film Project 18′, LISFE 18′, World film Festival 19′
Realização e montagem CATHERINE BOUTAUD
Produtor BEAR TEAM PRODUCTION (ADONIS LIRANZA, LAURÈNE BELROSE) Imagem e som MIGUEL MORAES CABRAL, CATHERINE BOUTAUD Montagem som e mistura MIGUEL MORAES CABRAL – WALLA COLLECTIVE Correção de cor JULIA MINGO Música original MARIA PANDIELLO

Chemins battus

Artes visuais e elementos para a peça interativa com aplicação para smartphone do projeto “Chemins battus”, obra de Iván Castiñeiras desenvolvida no âmbito da escola Le Fresnoy. Uma relexão sobre o conceito da fronteira comme lugar de espera, de passagem, de proibição, de controlo e de violência.